A fibromialgia é uma síndrome caracterizada, sobretudo, por dor crónica e fadiga generalizada. Embora, até hoje, não haja cura para a mesma, é possível conseguir melhorias ostensivas mesmo com períodos de remissão. A este nível, existem fortes evidências sobre a eficácia do exercício físico, melhorando a dor e aumentando o bem-estar dos doentes com fibromialgia.
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Exercício físico, o melhor remédio na fibromialgia.
A fibromialgia é uma síndrome bastante comum na população em geral, atingindo uma prevalência de 2-3% em todo o mundo. Caracteriza-se por dor crónica generalizada, fadiga, distúrbios do sono e sintomas funcionais.
Os múltiplos componentes da patogenia e a manutenção da afeção requerem uma abordagem multidisciplinar de tratamento, na qual exercício físico desempenha um papel de liderança.
A American Pain Society (APS) e a Association of the Scientific Medical Societies, na Alemanha (AWMF) deram o mais alto nível de recomendação ao exercício físico, acima da terapia cognitiva comportamental e do fármaco amitriptilina, respetivamente. Isto significa que movimentar-se é o melhor remédio para a fibromialgia.
Os estudos mostram provas sólidas de que os tratamentos mais consistentes, relacionados com as melhorias da fibromialgia, são o exercício aeróbico e o treino de força. O exercício eficaz centra-se no alongamento, com uma progressão gradual para exercícios de fortalecimento e reacondicionamento.
O círculo vicioso dor-sedentarismo.
Sabemos que as pessoas com fibromialgia, devido à dor e à fadiga, são menos ativas, fisicamente, em comparação com os controlos da mesma idade. O que acontece é que o músculo destreinado é um potente gerador de dor, pelo que o sedentarismo levará a mais dor, resultando, frequentemente, num surto de sintomas. Assim, a prescrição do exercício com a filosofia de “começar devagar e progressivamente”, é indispensável quando se trata de melhorar a sintomatologia da fibromialgia.
Comece por caminhar mais.
Embora o exercício seja fundamental para o tratamento da fibromialgia, a adesão ao mesmo costuma ser baixa. Neste sentido, começar pela caminhada, como forma de exercício físico, tem vantagens importantes.
Num estudo de 920 mulheres com fibromialgia, observou-se que aquelas que caminhavam habitualmente, apresentavam níveis mais baixos de dor e fadiga do que aqueles que não caminhavam.
Outro artigo de revisão, de 26 estudos (2384 participantes), concluiu que caminhar pode ser recomendado como uma forma eficaz de exercício ou atividade, para as pessoas com dor musculoesquelética crónica.
Exercício aeróbico e de força.
Estudos concluem que a prática regular de exercício, tanto aeróbico como treino de força, são a forma mais eficaz de reduzir a dor e melhorar o bem-estar geral das pessoas com fibromialgia. Ajudam a aumentar a flexibilidade, a reduzir a debilidade muscular, a melhorar a postura, ajudam a manter um peso saudável e a reduzir a inflamação.
Deve ter sempre em mente, quando se pratica qualquer exercício para melhorar as nossas costas:
- Começar gradualmente qualquer novo programa de exercício.
- Aquecer e alongar antes de começar.
Quanto ao treino de fortalecimento muscular, pode parecer contrário à lógica stressar deliberadamente o músculo em pacientes com dores musculares. No entanto, as evidências questionam a suposição de que o treino de força piora a dor na fibromialgia.
As evidências mais recentes indicam que o treino de força, adaptado às necessidades individuais, obtém melhorias valiosas na fibromialgia.
É importante que o treino de força seja prescrito por um profissional qualificado e personalizado a cada paciente.
O treino de força é um tipo de exercício em que a resistência progressiva é utilizada para melhorar a força muscular. A resistência pode manipular-se com pesos livres ou mecânicos, bandas ou tubos elásticos, ou mesmo com o próprio peso corporal. O treino de resistência não só desenvolve força e massa muscular, como também provoca melhorias no equilíbrio, coordenação e agilidade.
Outras formas de exercício.
Estudos indicam que o tai chi tem potencial como uma modalidade útil no tratamento multidimensional da fibromialgia. O tai chi melhora os sintomas, a função física, a qualidade do sono, a autoeficácia e a mobilidade funcional de pessoas com fibromialgia. O que sugere que o tai chi pode ajudar a minimizar as dificuldades na realização de tarefas essenciais da atividade física diária.
Tanto os exercícios aquáticos como a balneoterapia são considerados intervenções não farmacológicas para a fibromialgia. Os exercícios aquáticos (exercícios à base de água, terapia aquática ou hidroterapia) são exercícios que se realizam na água, concebidos por um fisioterapeuta devidamente qualificado, para melhorar a função, idealmente numa piscina concebida, especialmente, e devidamente aquecida.
Recomendações finais.
Num artigo publicado na Arthritis Research & Therapy, Larsson et al. apresentou alguns conselhos gerais para os doentes em matéria de exercício:
- Tenha em mente um objetivo de treino bem definido e concentre-se no treino de forma consistente e não intensiva.
- Limite o trabalho do braço acima da cabeça e os exercícios realizados com os membros inferiores mais afastados da linha média do corpo.
- Não tente um treino de força durante um surto de sintomas.
- Não tente treinos de alta intensidade baseados em energia (por exemplo, pilometria, CrossFit, bootcamps).
- Limite as posturas que provocam dor, trabalhando dentro das linhas articulares naturais
- Evite a necessidade de treinar demasiado nos dias em que se sente melhor.
- Por último, ligue um exercício a uma atividade que goste ou que faça com regularidade, para aumentar a probabilidade de que o exercício se torne um hábito de vida.
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Redigido por Antonio Valenzuela
Antonio Valenzuela é fisioterapeuta especialista em psiconeuroimunologia clinica, fitoterapia e nutrição.
Antonio é professor, conferencista e divulgador sobre um estilo de vida saudável. Colabora com o Green Club aportando informação profissional, atual e comprovada sobre diversos temas relacionados com a saúde e o bem-estar.
A informação contida nesta página web tem um caracter meramente informativo e não deve substituir as recomendações dos profissionais de saúde.
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