A endometriose é uma afeção ginecológica comum, que afeta até 10% das mulheres em idade reprodutiva. Caracterizada pela presença de tecido endometrial (o tecido que reveste o útero) fora da cavidade uterina. Normalmente associa-se à dor pélvica crónica e infertilidade. Embora seja uma patologia crónica, da qual ainda não se entenda a causa, na sua totalidade, isso não significa que a afeção tenha de minar a qualidade de vida do doente, uma vez que hoje em dia existem tratamentos eficazes e remédios naturais para a melhorar.
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O que é endometriose?
A endometriose é uma afeção ginecológica, que afeta as mulheres em idade reprodutiva, caracterizada pelo crescimento de tecidos semelhantes ao tecido que forma o revestimento do útero (tecido endometrial), fora da cavidade uterina. Este crescimento anormal do tecido endometrial, chamado implante endometrial, pode ocorrer nos ovários, tecidos que revestem a pélvis e no peritónio (à volta dos intestinos). Embora a causa exata da endometriose não seja conhecida, sabemos que os fatores hormonais, inflamatórios e imunitários podem estar por trás desta patologia.
A endometriose afeta 10-15% de todas as mulheres, em idade reprodutiva, e 70% das mulheres com dor pélvica crónica. Infelizmente, para muitas destas mulheres, há muitas vezes um atraso no diagnóstico, o que resulta em sofrimento desnecessário. A correta identificação da doença e o tratamento oportuno podem mitigar a dor, prevenir a progressão da doença e, assim, preservar a fertilidade.
Os sintomas da endoemteriose
A dor pélvica crónica, de intensidade leve a grave, é o sintoma mais comum da endometriose. A dor, geralmente, piora com as alterações hormonais no ciclo menstrual, uma vez que afetam o tecido endometrial mal colocado, fazendo com que a área inche, doa e, inclusive, surjam cólicas abdominais.
Outros sintomas comuns na endometriose são:
- Sangramento menstrual abundante e/ou sangramento entre períodos
- Dor depois das relações sexuais
- Mal-estar com as deposições
- Dor lombar crónica que piora com o seu ciclo menstrual
- Problemas de fertilidade
Diagnóstico da endometriose
Os sintomas da endometriose podem ser semelhantes aos sintomas de outras afeções, tais como quistos do ovário e doença inflamatória pélvica. O diagnóstico preciso e precoce é indispensável para a correta gestão da patologia.
Um historial clínico detalhado, que tenha em conta fatores de risco, como o histórico familiar, não ter tido gravidezes, e alterações na menstruação, acompanhado de um exame físico e de exames complementares, como a ecografia ou a laparoscopia são geralmente suficientes para o correto diagnóstico.
Tratamento da endometriose
Embora, como já vimos, seja uma patologia crónica da qual ainda não se sabe, totalmente, a causa, isso não significa que a afeção tenha de minar a qualidade de vida do doente. Hoje em dia existem opções médicas como fármacos, terapia hormonal e cirurgia disponíveis, embora também existam remédios naturais eficazes para ajudar a reduzir os sintomas e melhorar a gestão da endometriose.
Remédios naturais para a endometriose:
1. Exercicio físico
Os resultados de diferentes estudos mostram que a prática de exercício físico pode ser benéfica, pelo menos em parte, para o tratamento da endometriose.
Estudos com animais demonstraram uma redução do tamanho das lesões da endometriose após o exercício físico, independentemente, da sua frequência, com uma maior redução nos grupos que praticavam uma atividade moderada e intensa. Além disso, estudos humanos mostraram como o exercício regular tem sido associado a uma redução de 40% a 80% no risco de endometriose, em vários estudos e controlos de casos.
2. Alimentaçao saudável
De acordo com as evidências científicas, uma melhor alimentação parece ser uma ferramenta promissora na prevenção e no tratamento da endometriose.
Para melhorar os sintomas da endometriose, de forma natural, temos de começar por eliminar os alimentos que causam inflamação e que têm demonstrado agravar a endometriose. Isto inclui produtos como, alimentos processados, açúcares refinados, álcool, carnes vermelhas e óleos vegetais de má qualidade (palma, girassol, soja, milho, etc.).
De acordo com uma revisão de 2013, o menor consumo de vegetais e gorduras Ómega 3 parece estar associado a um risco acrescido de desenvolver endometriose. Em contrapartida, outros estudos descobriram que existe uma redução significativa do risco de desenvolver endometriose em mulheres que consomem vegetais e frutas frescas em abundância.
De acordo com as evidências, os alimentos com maior impacto benéfico na endometriose são:
Vegetais: De folha verde, aipo, cebola, beterraba, brócolos, mirtilos, nozes, curcuma e gengibre.
Alimentos ricos em magnésio, como sementes de abóbora, abacate, amêndoas, bananas, acelgas e espinafres ajudam a aliviar a dor pélvica.
Gorduras anti-inflamatórias como o azeite, o óleo de inggra e os ómega-3 presentes nas sementes de linhaça, sementes de chia, frutos secos e, sobretudo, nos peixes azuis.
- De acordo com estudos, os suplementos de óleo de peixe ricos em Ómega 3 são benéficos para a gestão da endometriose.
As evidências científicas também mostram que o défice de vitaminas do grupo B (especialmente vitamina B6) e de vitamina D contribuem para o desenvolvimento da endometriose.
3. Fitoterapia
Sabemos que a fitoterapia pode ajudar-nos a aliviar os sintomas de algumas patologias específicas. As plantas medicinais e os elementos presentes na natureza fornecem-nos princípios ativos muito benéficos para a endometriose.
A Cimicifuga racemosa (L.) tem sido tradicionalmente utilizada para o tratamento de diversas desordens ginecológicas, entre elas a endometriose, sendo eficaz na redução da congestão e na dor na área pélvica.
Além disso, as infusões como a Salva e a Verbena ajudam a equilibrar as hormonas de forma natural, reduzem a dor pélvica e as cãibras.
Conclusões sobre a endometriose
A endometriose é uma patologia crónica, que ainda não é totalmente compreendida. Infelizmente, os sintomas da endometriose ocorrem numa grande percentagem de mulheres em idade reprodutiva, mas isso não significa que a afeção tenha de comprometer a qualidade de vida do doente, uma vez que hoje em dia existem tratamentos e remédios naturais eficazes, para controlar a dor e os problemas de fertilidade.
O exercício físico, o aumento do consumo de frutas, legumes, Ómega 3 e cereais integrais, bem como certas plantas medicinais (salva, cimicífuga racemosa, etc.) exercem um efeito protetor, reduzindo o risco de desenvolvimento e possível regressão da doença.
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